Resolução de conflitos, gestão de crises, competências comportamentais e técnicas, recrutamento e seleção, propósito de vida e valores – esses foram os temas da estreia, na noite de terça-feira, da minha mentoria Liderança e Soluções, no Salão Azul, do conjunto 1 da Universidade Franciscana (UFN). Conectados, curiosos e participativos, os alunos do curso de Biomedicina, que comemoravam a passagem do Dia do Biomédico (20 de novembro), me emocionaram com a atenção, as perguntas, os incentivos e o carinho dispensados em mais de 1 hora de bate-papo.
Fotos: @osamucaneto
Após apresentar um vídeo sobre o Grupo Diário, onde atuo como diretora de Jornalismo, trouxe relatos da minha vivência profissional de quase 27 anos, com foco nos momentos mais desafiadores também da minha vida pessoal. Enquanto conversava com os alunos, ia revivendo cada fato que me marcou profundamente: comentei sobre a cobertura da tragédia da Kiss, da pandemia e também de momentos da trajetória pessoal, principalmente episódios que chegaram como uma tempestade sem-fim na minha vida.
Estava nervosa, sim – por que será que acham que jornalista tira tudo de letra? – e confessei isso diante de olhares atentos que me miravam quase sem piscar. Mas, à medida que ia relatando minhas vivências, fui me sentindo em casa. Não vi ninguém – e comentei isso também com eles – consultando o celular durante o bate-papo… E, confesso, tinha me preparado para ver essa cena – são jovens de seus 18 e poucos anos (pouco mais apenas do que a idade do meu filho), e bem natural que isso ocorresse. Uma hora é um tempo e tanto para prender a atenção dos jovens (e até a minha, vamos ser bem sinceros aqui).
Vocês não imaginam como eu fiquei feliz com essa troca de experiências e com os questionamentos pertinentes que surgiram após a minha fala. Até pensei na hora – podia fazer isso todos os dias do resto da minha vida. Não sei ao certo se a emoção veio com o sentimento de “servir ao outro” de alguma forma, de tentar fazer a diferença, ou se foi por ter revivido fatos que marcaram significativamente esta minha existência. Talvez as duas coisas. Acho que a gente não se dá conta do quanto há de riqueza nas nossas vivências, o quanto os tombos e aprendizados nos transformaram definitivamente para melhor.
O psiquiatra Augusto Cury, no seu livro Pais inteligentes formam sucessores, não herdeiros, incentiva que os educadores dediquem tempo e energia para a formação de pensadores críticos, que debatam e questionem, que exercitem a tolerância diante da diversidade de opiniões, que atentem para a necessidade de desenvolverem competências comportamentais. As escolas e instituições superiores de ensino ainda focam muito – e nós sabemos dos motivos – nas avaliações dos conhecimentos técnicos dos alunos. Mas percebo mudanças e movimentos para equilibrar melhor essa equação. Fiquei feliz e motivada com a iniciativa do curso de Biomedicina para despertar nos alunos o olhar para dentro de si mesmos, no sentido de se conhecerem e de promover vivências que vão contribuir para suas trajetórias pessoais e profissionais. Como bem lembra Cury na mesma publicação, são as competências técnicas que ainda garantem o ingresso no mercado, mas são as comportamentais que acarretam a maior parte dos desligamentos. Trabalhamos esse tema no programa Faz Sentido, com o psicólogo Diógenes Chaves. E, na conversa com os alunos, reiterei essa importância de olhar para si e se conhecer para o desenvolvimento dessas habilidades.
A troca de saberes entre gerações é um caminho e tanto para ampliarmos a nossa bagagem de vida. Gostei do que vi e ouvi – e também da repercussão que veio depois. Foi uma estreia e tanto desse novo projeto que tem alegrado os meus dias.